Foto retirada: httpam730.com.brbrasil-e-negligente-no-controle-de-agrotoxicos-2 |
A indústria química é
uma das que mais lucraram nos últimos anos, este fato se deve a ampliação da produção
e venda de agrotóxicos ou defensivos agrícolas, outra denominação do veneno
utilizado nas lavouras.
O ritmo acelerado do
desenvolvimento da agricultura no planeta teve seu início na revolução verde em
meados do século 20. Esse período ficou marcado pela intensa modernização da
agricultura, desde a criação de agrotóxicos, sementes híbridas e a mecanização do
campo, substituindo a mão de obra humana pelas máquinas.
Aos poucos, os
agricultores foram seduzidos por sementes milagrosas resistentes a pragas e aos
agentes climáticos e também pelos tóxicos, fórmulas milagrosas que imunizam a
lavoura contra insetos, ervas daninhas, moluscos e outros indivíduos. A
utilização de sementes transgênicas foi aos poucos extinguindo as sementes
crioulas ou selvagens, aquelas produzidas por meios naturais, pois devido a
aditivos químicos e as mudanças na estrutura genética acabaram tornando-se mais
resistentes e, consequentemente, mais aptas ao meio.
Outro fator que contribuiu para a degradação
da biodiversidade natural foi o desenvolvimento da monocultura, quando apenas
uma cultura é plantada em toda extensão de terra, exemplo claro disto é a plantação
de soja. Esta atividade acaba empobrecendo o solo ao longo dos anos, pois antes
desse método ser largamente utilizado era comum fazer a rotatividade de
culturas, ou seja, plantar diferentes gêneros agrícolas ao longo do ano, fato
que contribui para o enriquecimento do solo.
A modificação das
sementes, aplicação de agrotóxicos e insumos agrícolas aumentam a
produtividade, ou seja, o agricultor produz mais em menos tempo, aumentando
assim os lucros. Em contrapartida, o uso dos tóxicos gera resíduos, tanto no
meio ambiente, como no ser humano que consome o produto. Aqueles que trabalham
diretamente na produção, transporte e venda de produtos com agrotóxicos, sofrem
os efeitos mais imediatos como as contaminações agudas, podendo causar
intoxicações graves. Mas sofrem também com o problema crônico, o efeito em
longo prazo e, assim como nós, os consumidores, acabam acumulando ao longo dos
anos os tóxicos em nossos organismos.
Mas quais consequências
a manipulação e o consumo dos agrotóxicos trazem ao nosso corpo? Os índices de
câncer crescem vertiginosamente ao longo dos anos, este fato está intimamente
ligado aos níveis de defensivos agrícolas em nossos organismos. Os problemas de
fígado e outras patologias como problemas respiratórios e até mesmo a infertilidade
podem ser considerados frutos daquilo que consumimos.
Como pesar os prós e os
contras da utilização de agrotóxicos nas nossas lavouras? É tão importante
produzir a todo custo, contaminando o meio natural e matando aqueles que
consomem os produtos contaminados? Por que o Brasil é o maior consumidor de
agrotóxicos do planeta?
É importante, para você que vive no Brasil, ficar sabendo que você consome indiretamente em média 5,2 litros de agrotóxicos
por ano e que as frutas e verduras que você compra na feira são tratados com
substâncias proibidas em outros países, mas que são usados no Brasil sem
problema algum. Revelam dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), que os gêneros alimentícios comercializados no Brasil são muitas
vezes tratados com quantidades de agrotóxicos acima do nível permitido por lei.
Assustadoramente, o crescimento do uso de agrotóxicos no território
brasileironos últimos 10 anos foi de 190%, enquanto o crescimento no resto do
mundo foi de 93%.
A bancada ruralista do
nosso senado defende claramente a utilização de tóxicos na agricultura, o
principal argumento dos parlamentares é que se os agrotóxicos não fossem
utilizados a produção de alimentos seria insuficiente para abastecer o mercado
nacional e para a exportação, mas eles esquecem que a atividade agroecológica é
uma alternativa eficaz para a produção de alimentos orgânicos e saudáveis.
Mesmo que não usemos da agroecologia como meio principal de produção de
alimentos, os investimentos na produção de alimentos orgânicos, através do
estímulo ao crédito para o pequeno agricultor e agricultura familiar,
contribuiriam de forma significativa para a diminuição do uso de agrotóxicos.
Cabe a nós consumidores
protestarmos sobre o uso abusivo de agrotóxicos em nossos alimentos e
questionarmos o porquê de que no Brasil são usadas substâncias proibidas em
outros países. Cabe também aos nossos parlamentares refletirem sobre alternativas
para a produção de alimentos mais saudáveis, o que me parece bastante difícil,
pois muito deles estão ligados diretamente às grandes empresas produtoras de
agrotóxicos e encontram no Brasil uma grande oportunidade de lucrar, já que a
fiscalização é falha e o poder, ou melhor dizendo, o interesse do brasileiro em
questionar a sua realidade é quase nulo, e então seguimos em um ritmo
assustador, em que produzimos, lucramos e nos
intoxicamos.
Quer saber mais?
Assista: Veneno está na mesa, de Silvio Tendler;
Leia: Paraíso dos Agrotóxicos, Substâncias já proibidas em vários países encontram mercado fértil em terras brasileiras. Ciência Hoje. Vol. 296.
Quer saber mais?
Assista: Veneno está na mesa, de Silvio Tendler;
Leia: Paraíso dos Agrotóxicos, Substâncias já proibidas em vários países encontram mercado fértil em terras brasileiras. Ciência Hoje. Vol. 296.
Iúri A.
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