quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

VESPAS E SUAS INTERAÇÕES ECOLÓGICAS



Popularmente conhecidas como “marimbondos” ou facilmente confundidas com abelhas e até como besouros devido ao som propagado por suas asas, as vespas são um dos principais representantes da ordem himenóptera. Juntamente com formigas e abelhas, elas dão origem a uma das maiores ordens dentre a classe dos insetos. Esta inclui uma impressionante diversidade de formas, tamanhos e padrões comportamentais.Vale destacar os padrões: sociais, solitários e parasíticos.
Assim como o próprio nome sugere, as vespas socias possuem um elaborado grau de socialização e padrões complexos de arquitetura em seus ninhos, sem falar na grandiosa diversidade de relações ecológicas desenvolvidas em quase todos os ecossistemas terrestres. Desempenham um importante papel agroecológico por atuarem como agentes polinizadores de alguns vegetais e por serem exímios predadores de larvas de possíveis pragas como: larvas de lepidópteros e de outros insetos. Estas são destinadas a ovoposição e desenvolvimento futuro de novos vespídeos para a colônia.
Sem o elevado grau de complexidade em seus ninhos e ausência de padrões sociais, as vespas solitárias geralmente nidificamem orifícios e saliências naturais ou, de forma isolada e diminuta, em diversificados tipos de substratos. Algumas apresentam um importante papel no controle de aracnídeos do ambiente, por esse fato estas são também conhecidas como vespas caçadoras de aranhas, ou “vespas tarântulas”, sendo estes receptáculos e fontes de alimento para sua prole.
As vespas parasitas, por sua vez, representam um ramo das vespas com caráter solitário, algumas são facilmente identificadas devido ao avantajado ovopositor ao término do seu abdômen, esta estrutura, assim como das demais vespas, pode atuar como inoculador de toxinas ou como o próprio nome condiz, está relacionado à postura de ovos. Ao selecionar uma presa, a parasita injeta uma poderosa toxina que pode causar paralisia, ou até mesmo controlar os movimentos de suas vítimas. Seus ovos são depositados no interior dos organismos coletados, sejam eles outros artrópodes ou até mesmo estruturas vegetais que futuramente serão consumidos por larvas do seu predador. 
Vale destacar que os vespídeos na fase adulta, por serem indivíduos nectarívoros e polinívoros, não se alimentam de nenhuma de suas vítimas, todos os organismos capturados são fonte exclusiva de alimento para suas larvas. Os imaturos possuem distintos hábitos alimentares e desempenham diferentes relações ecológicas em relação aos dos seus progenitores.  


WILDIO IKARO DA GRAÇA SANTOS


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Afinal, o que é permacultura?



Assumir para nossas vidas aquilo que é novo não é tarefa fácil. Na maioria das vezes, enfrentamos nossos próprios paradigmas. E não foi diferente com o ecologista australiano Bill Mollinson. Cansado e indagando-se sobre os colapsos da sociedade moderna, Mollison resolveu criar um sistema florestal produtivo que substituísse as monoculturas de soja e trigo, responsáveis pelo desmatamento mundial.
Na década de 70, ele, juntamente com seu aluno David Holmgren, inventaram o termo permacultura que surgiu a partir de agricultura permanente e se estendeu para cultura permanente.
Mollison e Holmgren basearam-se em princípios éticos nascidos nas sociedades indígenas voltadas às tradições espirituais, sociais e econômicas ao universo da cooperação e solidariedade.
Para realizar a permacultura é necessário adotar princípios de sustentabilidade, que exigem um repensar dos nossos hábitos de consumo e dos nossos valores em geral. Estes princípios baseiam-se no cuidar da Terra, cuidar das pessoas e compartilhar os excedentes. Assim, a permacultura ousa acreditar numa abundância para toda a humanidade baseada num sistema autossustentado.
A permacultura está além da agricultura ecológica, pois engloba economia, nutrição, agronomia, ética, aproveitamento de energia, captação e tratamento de água e bioarquitetura.
A permacultura, como concepção político ideológica, vem trazer soluções práticas, principalmente para as famílias do campo, que são carentes de informação e de recursos sustentáveis, como no nosso país. Além disso, ela é uma metodologia baseada num sistema agrícola completo, visando respeito e integração a todos os processos naturais, a todas as formas de vida.

Mayara de Lima


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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Produzir, Lucrar e Intoxicar



Foto retirada: httpam730.com.brbrasil-e-negligente-no-controle-de-agrotoxicos-2

A indústria química é uma das que mais lucraram nos últimos anos, este fato se deve a ampliação da produção e venda de agrotóxicos ou defensivos agrícolas, outra denominação do veneno utilizado nas lavouras.

O ritmo acelerado do desenvolvimento da agricultura no planeta teve seu início na revolução verde em meados do século 20. Esse período ficou marcado pela intensa modernização da agricultura, desde a criação de agrotóxicos, sementes híbridas e a mecanização do campo, substituindo a mão de obra humana pelas máquinas.

Aos poucos, os agricultores foram seduzidos por sementes milagrosas resistentes a pragas e aos agentes climáticos e também pelos tóxicos, fórmulas milagrosas que imunizam a lavoura contra insetos, ervas daninhas, moluscos e outros indivíduos. A utilização de sementes transgênicas foi aos poucos extinguindo as sementes crioulas ou selvagens, aquelas produzidas por meios naturais, pois devido a aditivos químicos e as mudanças na estrutura genética acabaram tornando-se mais resistentes e, consequentemente, mais aptas ao meio.

 Outro fator que contribuiu para a degradação da biodiversidade natural foi o desenvolvimento da monocultura, quando apenas uma cultura é plantada em toda extensão de terra, exemplo claro disto é a plantação de soja. Esta atividade acaba empobrecendo o solo ao longo dos anos, pois antes desse método ser largamente utilizado era comum fazer a rotatividade de culturas, ou seja, plantar diferentes gêneros agrícolas ao longo do ano, fato que contribui para o enriquecimento do solo.

A modificação das sementes, aplicação de agrotóxicos e insumos agrícolas aumentam a produtividade, ou seja, o agricultor produz mais em menos tempo, aumentando assim os lucros. Em contrapartida, o uso dos tóxicos gera resíduos, tanto no meio ambiente, como no ser humano que consome o produto. Aqueles que trabalham diretamente na produção, transporte e venda de produtos com agrotóxicos, sofrem os efeitos mais imediatos como as contaminações agudas, podendo causar intoxicações graves. Mas sofrem também com o problema crônico, o efeito em longo prazo e, assim como nós, os consumidores, acabam acumulando ao longo dos anos os tóxicos em nossos organismos.

Mas quais consequências a manipulação e o consumo dos agrotóxicos trazem ao nosso corpo? Os índices de câncer crescem vertiginosamente ao longo dos anos, este fato está intimamente ligado aos níveis de defensivos agrícolas em nossos organismos. Os problemas de fígado e outras patologias como problemas respiratórios e até mesmo a infertilidade podem ser considerados frutos daquilo que consumimos.
Como pesar os prós e os contras da utilização de agrotóxicos nas nossas lavouras? É tão importante produzir a todo custo, contaminando o meio natural e matando aqueles que consomem os produtos contaminados? Por que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do planeta? 

É importante, para você que vive no Brasil, ficar sabendo que você consome indiretamente em média 5,2 litros de agrotóxicos por ano e que as frutas e verduras que você compra na feira são tratados com substâncias proibidas em outros países, mas que são usados no Brasil sem problema algum. Revelam dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que os gêneros alimentícios comercializados no Brasil são muitas vezes tratados com quantidades de agrotóxicos acima do nível permitido por lei. Assustadoramente, o crescimento do uso de agrotóxicos no território brasileironos últimos 10 anos foi de 190%, enquanto o crescimento no resto do mundo foi de 93%.

A bancada ruralista do nosso senado defende claramente a utilização de tóxicos na agricultura, o principal argumento dos parlamentares é que se os agrotóxicos não fossem utilizados a produção de alimentos seria insuficiente para abastecer o mercado nacional e para a exportação, mas eles esquecem que a atividade agroecológica é uma alternativa eficaz para a produção de alimentos orgânicos e saudáveis. Mesmo que não usemos da agroecologia como meio principal de produção de alimentos, os investimentos na produção de alimentos orgânicos, através do estímulo ao crédito para o pequeno agricultor e agricultura familiar, contribuiriam de forma significativa para a diminuição do uso de agrotóxicos.

Cabe a nós consumidores protestarmos sobre o uso abusivo de agrotóxicos em nossos alimentos e questionarmos o porquê de que no Brasil são usadas substâncias proibidas em outros países. Cabe também aos nossos parlamentares refletirem sobre alternativas para a produção de alimentos mais saudáveis, o que me parece bastante difícil, pois muito deles estão ligados diretamente às grandes empresas produtoras de agrotóxicos e encontram no Brasil uma grande oportunidade de lucrar, já que a fiscalização é falha e o poder, ou melhor dizendo, o interesse do brasileiro em questionar a sua realidade é quase nulo, e então seguimos em um ritmo assustador, em que produzimos, lucramos e nos intoxicamos.

Quer saber mais? 

Assista: Veneno está na mesa, de Silvio Tendler;
Leia: Paraíso dos Agrotóxicos, Substâncias já proibidas em vários países encontram mercado fértil em terras brasileiras. Ciência Hoje. Vol. 296.


Iúri A.

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