sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Empresas ambientalmente corretas!?


Por: Iris Rianne
Hoje se sabe que os recursos naturais são finitos, isso tem feito surgi uma maior consciência ambiental entre a população. Tendo isso em vista, muitas empresas privadas têm buscado ferramentas para reduzir os gastos na produção e, ao mesmo tempo, vender mais produtos aos indivíduos ambientalmente preocupados. 
A Organização Internacional de padrão (ISO - sigla em inglês) em 1994 desenvolveu normas para produtos que priorizam a saúde e segurança das pessoas, sem comprometer o meio ambiente, por exemplo: uma bacia hidrográfica ou uma área protegida. Essa norma foi chamada de ISO 14000, a qual apresenta alguns pontos, como: estabelece compromisso com a manutenção da qualidade ambiental; analisa impactos ambientais causados pela empresa; desenvolve estratégias de garantia das metas estabelecidas; desenvolve programas de educação ambiental e capacitação de servidores das empresas; busca diminuir os resíduos gerados pela empresa, além de definir normas para seu tratamento. 
A ideia de criar a ISO 14000 surgiu da atual conscientização das pessoas quanto à crise ambiental, percebendo que os bens naturais (água, ar, minerais) possuem um valor econômico associado a eles, o que muitos autores chamam de valoração econômica, ou seja, hoje paga-se pela água e certamente pagaremos mais ainda. 
Alguns bancos chegam a cobrar taxas maiores para empresas com elevadas atividades poluidoras, isso pelo fato de existir uma pressão pública local e internacional.  Acionistas também preferem investir em empresas lucrativas e ambientalmente responsáveis. Outro fator que contribui para busca desse selo verde é uma crescente busca dos consumidores por produtos que menos agridem o meio ambiente, assim cada vez mais importadores exigem certificação ambiental dos produtos nos moldes da ISO 14000.
No Brasil, o INMETRO é o órgão responsável por fiscalizar essa certificação e é assim que atualmente nosso país apresenta o maior número de certificações ambientais da América Latina.
Mas será que essas empresas estão realmente preocupadas com o meio ambiente, ou com o lucro que terão, já que os custos na produção de produtos ambientalmente corretos acabam sendo menores, além desses produtos chegarem ao consumidor com preço mais elevado. Por exemplo, uma cerâmica utiliza uma enorme quantidade de lenha para fabricar telhas, assim há muito gasto com a comprar de madeira para alimentar os fornos, além de resultar na derrubada de uma grande quantidade de árvores. Mas se ao invés de utilizar a madeira, ela optar pela compra de cascas de coco adquirida de uma indústria de leite de coco, ele estaria evitando que uma nova árvore fosse derrubada. Ao mesmo tempo, lucraria com a redução nos gastos, obtendo uma margem de lucro maior do que a primeira situação. Assim, o que vemos hoje não é apenas uma preocupação com o ambiente, mas sim a ideia de ganhar novos consumidores que irão comprar produtos desta empresa ambientalmente correta.
Outro exemplo, quando uma empresa divulga que ao comprar determinado produto ela está colaborando com o plantio de mais uma árvore. Será que são árvores nativas (daquela região)? Existe algum programa de acompanhamento durante o desenvolvimento dessas árvores?  Ou uma empresa de cosméticos que se apropria do conhecimento popular sobre determinado essência e não retribui a contribuição que estas pessoas deram para o desenvolvimento de tal produto. O que você acha? Aguardamos seu comentário. Logo, antes de comprar determinado produto “ambientalmente correto”, busque informações sobre o processo de fabricação deste, para realmente ter certeza que esta empresa segue princípios éticos e ambientais.
Referências:
GOMES, A. A GESTÃO DO SISTEMA AMBIENTAL E A NBR-ISO 14.001. Revista Científica Eletrônica de Administração. Ano VI. Número 11. Dezembro de 2006.
Diniz, R. V. W.; Andrade,  M. O.; Hernández M. I. M. ISO 14.001 E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: PERCEPCAO AMBIENTAL DE UM SISTEMA DE GESTAO AMBIENTAL IMPLANTADO. Anais: VII Encontro da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. Fortaleza, 2007.